Lula já desperdiçou mais vacinas do que todo governo Bolsonaro

Lula (PT) se elegeu em 2022 chamando Jair Bolsonaro (PL) de “genocida” pela condução do país durante a pandemia. Com quase dois anos completos de governo, o Ministério da Saúde, chefiado por Nísia Trindade, já desperdiçou 58,7 milhões de vacinas, 22% a mais do que o volume de imunizantes vencidos registrado durante todo o governo Bolsonaro.

Segundo O Globo, dados da Saúde obtidos apontam que o valor perdido com as vacinas inutilizadas em 2023 e em 2024 foi de 1,75 bilhão de reais.

Somando prejuízo de 1,17 bilhão de reais, a maior parte das perdas ocorreu em 2023, com 39,8 milhões de vacinas jogadas no lixo.

De janeiro deste ano até agora foram mais 18,8 milhões de imunizantes desperdiçados, um custo 560,6 milhões de reais aos cofres públicos.

Prejuízos por governo

O prejuízo de 1,75 bilhão de reais em vacinas desperdiçadas para a atual gestão representa um recorde desde os quatro anos do segundo mandato de Lula, quando a perda foi de 1,96 bilhão de reais.

Enquanto 217 milhões de doses foram aplicadas pelo Ministério da Saúde desde o ano passado, 385 milhões de doses foram descartadas, ou seja, 176% a mais.

No governo Bolsonaro, foram 575 milhões de doses vencidas, ante 384 milhões usadas.

O desperdício de vacinas de Covid

As vacinas de combate à Covid correspondem a 75% das doses jogadas no lixo durante o governo Lula, enquanto 80,62% da população não tomou a segunda dose de reforço, diz o jornal.

Em menores quantidades, outros imunizantes também foram descartados, como o DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), febre amarela e meningocócica.

A culpa é sempre dos outros

Ao jornal, o Ministério da Saúde responsabilizou a gestão anterior pelo elevado volume de vacinas contra a Covid desperdiçado.

“As vacinas vencidas em 2023 foram reflexo de estoques herdados da gestão anterior e campanhas sistemáticas de desinformação que geram desconfiança sobre a eficácia e segurança do imunizante, impactando na adesão da população”, afirmou a pasta.

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Câncer de próstata mata em média 47 homens por dia no país

Cerca de 47 homens morreram por dia em 2023 devido ao câncer de próstata. Ao todo, foram 17,1 mil vítimas da doença no Brasil no ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde.

O número alerta para a importância dos exames preventivos e da identificação precoce de alterações na próstata. No entanto, mesmo com as campanhas do Novembro Azul, alguns testes ainda são tidos como tabu.

Atualmente o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens em todas as regiões do país. São cerca de 196 novos casos da doença identificados por dia, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).

Segundo estudo realizado pela Comissão de Câncer de Próstata, publicado este ano, o cenário pode se agravar. O levantamento da comissão aponta para a duplicação de casos de câncer de próstata no mundo, com aumento de 85% das mortes até 2040.

Diagnóstico precoce

Um aliado no combate à doença é o diagnóstico precoce. Caso identificado nos estágios iniciais, o câncer de próstata tem índice de cura de 90%. Por isso, para a diretora de comunicação da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), Karin Anzolch, o caminho é a conscientização.

Ela lembra que as mulheres, depois de serem acompanhadas pelos pediatras, migram imediatamente para os ginecologistas. Assim, elas têm “a oportunidade de conversar com seu médico e de acompanhar diversos aspectos preventivos relacionados à sua saúde”, aponta.

“No entanto, o homem, depois do acompanhamento pediátrico, cai em uma espécie de limbo, retornando ao médico apenas pontualmente, quando está doente”, observa Anzolch.

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Unicat registra a falta de 86 dos 214 medicamentos oferecidos


A Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) em Natal registra a falta de 86 medicamentos, o equivalente a 40,1% de um total de 214 remédios ofertados. Sem assistência, a população sente os impactos, sejam eles no bolso – para aqueles que podem arcar com os custos – ou na própria saúde. De acordo com a agricultora Raimunda Balbino, de João Câmara, já são três meses sem que ela consiga pegar hidroxiureia para as duas filhas, diagnosticadas com anemia falciforme. Sem o medicamento, uma das meninas precisou ser levada ao Hemonorte na semana passada para tomar sangue. Nesta segunda-feira (11), a agricultora retornou à Unicat na esperança de pegar o remédio, mas voltou para casa de mãos vazias.

“Mês passado consegui comprar uma caixa com 100 comprimidos para as duas, mas é insuficiente porque cada uma toma dois comprimidos por dia, então, seriam necessárias 120 pílulas. A caixa custou R$ 300. Além de ser caro, é difícil encontrar nas farmácias”, relata Balbino. A técnica de enfermagem Priscila Domingues precisou dos serviços da Unicat pela primeira vez e, de cara, já se deparou com a falta do medicamento mesalazina, que a mãe deverá utilizar por conta de um problema no intestino. “Estou muito preocupada porque minha mãe está com sangramento”, relata.

A técnica de enfermagem disse que nenhuma perspectiva de chegada foi informada, o que preocupa ainda mais. “Disseram que acabou na sexta-feira (8) e ninguém sabe quando chega. Vamos precisar esperar, porque é dose mínima, muito caro e bem difícil de encontrar em farmácia”, comentou Domingues. Já Cristina Faustino saiu da Unicat sem quetiapina, remédio que ela usa para o controle da esquizofrenia. “Não sei o que fazer. Vou contar a situação para a minha mãe, porque não tenho nenhuma fonte de renda. Não consigo comprar. Sempre ouvi falar muito da falta de medicamento, mas é a primeira vez que me deparo com isso”, conta.

Welisso Felix, de 36 anos, é transplantado há 20 anos. Em função disso, ele usou ciclosporina por algum tempo, mas diante da falta constante da droga, o médico substituiu o remédio. “Ficava muito sem medicamento por conta da falta aqui na Unicat. Fui ao médico e ele trocou pelo tacrolimo, que eu consegui pegar hoje. Eu tomava ciclosporina de 50 e 100 mg, mas os dois estavam sempre faltando”, afirma. De acordo com a lista disponibilizada no site da Unicat, a ciclosporina (de 25, 50 e 100 mg) está em processo de licitação.

Esta é a situação de 58 dos 86 remédios em falta. Outros 26 aguardam distribuição do Ministério da Saúde, além de dois que estão suspensos. Os medicamentos citados na reportagem, além da ciclosporina, estão na seguinte situação: hidroxiureia e mesalazina (em licitação) e quetiapina (aguarda distribuição do Ministério da Saúde). A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde Pública para pedir esclarecimentos sobre a falta dos remédios, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

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Ministério da Saúde deixa vacinas faltarem em 11 estados e no DF

Onze estados e o Distrito Federal relatam falta de vacinas, mostra levantamento da coluna junto às secretarias estaduais de Saúde. São eles: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Há desabastecimento de vacinas contra a Covid-19, meningite, pneumonia, HPV, sarampo, caxumba e rubéola, entre outras.
Outros três estados (Acre, Maranhão e Rio de Janeiro) relataram o desabastecimento de imunizantes ao longo de 2024, mas indicaram que a situação hoje estaria normalizada. Bahia, Ceará e Espírito Santo negaram o desabastecimento e nove estados (Alagoas, Amapá, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Roraima e Sergipe) não responderam aos questionamentos.

Além da falta de vacinas no país, a coluna revelou na semana passada que o Ministério da Saúde incinerou 10,9 milhões de vacinas em 2024, após deixar vencer o prazo de validade. A maior perda se refere a imunizantes da Covid-19, mas há também doses para febre amarela, tétano, gripe e outras doenças. A quantidade de imunizantes desperdiçados deve ser maior ainda, uma vez que o estoque do Ministério da Saúde armazena outras 12 milhões de doses que já venceram, mas ainda não foram incineradas.

Na ocasião, o Ministério da Saúde assegurou, em nota, que “não há falta de vacinas no país”. No entanto, o levantamento feito pela coluna revela o contrário. Procurado para comentar os dados de desabastecimento, a pasta não respondeu.

Quais vacinas estão em falta nos estados
Onze das 12 unidades federativas que confirmaram o desabastecimento de vacinas não têm o imunizante contra a varicela, doença mais conhecida como catapora. A única exceção é São Paulo. O Distrito Federal foi o único a informar que a substitui pela vacina tetraviral – imunizante em falta no estado paulista e que também previne o sarampo, a caxumba e a rubéola.

O Paraná não tem imunizantes contra a Covid-19 para crianças. Segundo o Ministério da Saúde, a doença já matou 5,1 mil pessoas no Brasil em 2024.

Seis estados e o Distrito Federal não dispõem da vacina contra febre amarela.

A capital federal, o Pará e o Tocantins também não contam com o imunizante contra HPV – que evita o câncer de colo de útero, de vulva, de vagina, de pênis, de orofaringe e do canal anal, além de verrugas genitais. Ambos não podem ser substituídos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Cinco estados mais o DF não possuem a vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche. A capital federal e Goiás informaram trocá-la pela pentavalente, que inclui prevenção contra hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b (Hib), bactéria causadora de pneumonia, de meningite, de otite e de epiglotite.

Faltam, ainda, a tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) no DF e a dTpa acelular — também contra difteria, tétano e coqueluche, mas usada em grupos específicos nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) — em Mato Grosso, na Paraíba, em Santa Catarina e em Tocantins.

Pará repassou as informações do último Informe de Distribuição de Imunobiológicos do Ministério da Saúde, que relata falta das vacinas contra varicela, febre amarela e HPV por “problemas com o fornecedor”.

Nenhuma unidade federativa informou previsão de data de reposição para o local.

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Pacientes transplantados sofrem com falta de remédio na Unicat

Os pacientes transplantados que precisam dacicloposporina, remédio utilizado para evitar a rejeição de órgãos transplantados, tem sofrido com a falta da medicação na Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat).

Claudionor Ferreira, de 65 anos, recebeu um transplante de coração há dois anos e desde então precisa tomar a cicloposporina diariamente. Atualmente, ele tem estoque do medicamento apenas até o fim desta semana.

De acordo com a filha do paciente, Kaliana, eles tem tem conseguido empréstimos de outros pacientes para garantir a continuidade do tratamento, mas a situação permanece preocupante.

A medicação está em falta há cerca de um mês. Este é o segundo episódio de falta da cicloposporina este ano, o primeiro foi registrado em maio. A indisponibilidade do medicamento afeta transplantados de coração, fígado, rins e outros órgãos.

Além disso, a lista pública no site da Unicat mostra que 85 dos 213 medicamentos distribuídos pela central estão em falta, o que representa 40% do total.

O transplantado de coração há 11 meses, José Valdson, de 49 anos, também está enfrentando a falta do medicamento.

O paciente tem estoque limitado e está preocupado com a possibilidade de ficar sem o tratamento essencial para a manutenção do órgão transplantado.

Em nota, a direção da Unicat informou que alguns medicamentos estão em processo de licitação, enquanto outros aguardam o envio pelo Ministério da Saúde. O órgão não quis conceder entrevista, mas informou que os medicamentos faltantes estão sendo monitorados e negociados para garantir o retorno da distribuição.

A direção da Unicat também explicou que a gestão da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) está atuando para agilizar as aquisições e garantir o retorno do fornecimento de medicamentos essenciais.

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Novembro Laranja, mês de conscientização sobre o zumbido auditivo

O zumbido é um som ouvido apenas pelo paciente que pode ser semelhante a um chiado, apito ou cigarra. Em geral ocorre em consequência à perda auditiva, mas pode também ser causado por alterações nas taxas sanguíneas, problemas neurológicos, musculares e até odontológicos.

O diagnóstico correto da causa do zumbido é que vai determinar seu tratamento, podendo haver alívio da intensidade do incômodo, e em alguns casos, até cura do sintoma.

Hoje em dia, existem várias formas de tratamento para o zumbido que podem ser realizadas com uso de aparelho auditivo, terapia sonora com ruído branco, laser, fisioterapia e neuromodulação.

A Dra. Lidiane Ferreira, otorrinolaringologista e professora do Curso de medicina da UFRN, se dedica a estudar o zumbido auditivo há quase 20 anos, e conta com expertise em vários tratamentos inovadores para este sintoma.

No mês de novembro, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia instituiu o Novembro Laranja, uma campanha de conscientização sobre o zumbido auditivo que tem por objetivo discutir sobre o zumbido, suas causas e tratamentos.

Dra. Lidiane informa que aqui em Natal, serão realizadas ações educativas à população sobre o zumbido e suas causas, todas estas em parceria com a UFRN e O Instituto Otofacial, Clínica que atende seus pacientes.

Segue o cronograma dos eventos abertos ao público que serão realizados a partir deste domingo dia 10 de novembro:

Dia 10 de novembro, às 10h no Parque das Dunas: ocorrerá panfletagem com orientações, roda de conversa sobre o tema e momento de alongamento com fisioterapeutas da UFRN.

Dia 12 de novembro, às 10h, no Prédio dos Ambulatórios do Hospital Universitário Onofre Lopes: ocorrerá panfletagem com orientações e palestra para os pacientes, tirando dúvidas sobre o zumbido.

Distribuição gratuita de e-book sobre Zumbido auditivo: A distribuição está sendo realizada gratuitamente no Instagram da Dra. Lidiane Ferreira @dralidianeferreira. Basta acessar o Instagram e clicar no Banner do livro.

Fica o convite a todos que se interessam pelo tema zumbido no ouvido a participarem e divulgarem as ações do Novembro Laranja.

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A cada hora, 12 pessoas morrem no Brasil por consumo de álcool, aponta pesquisa da Fiocruz

Uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que, a cada hora, 12 pessoas morrem no Brasil por consumo de álcool. O estudo mostra também que bebidas alcoólicas custam R$ 18,8 bilhões por ano para o país.

A pesquisa usou como base estimativas de mortes feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o consumo de álcool, levando em consideraração um total de 104,8 mil mortes só em 2019. O relatório destaca um forte impacto sobre a população masculina, responsável por 86% das mortes associadas ao álcool em 2019.

Entre os homens, doenças cardiovasculares, acidentes e violências são as causas mais comuns de óbito, enquanto, nas mulheres, o álcool está fortemente associado a tipos de câncer e doenças cardíacas. A análise revela também um crescimento de 14% do consumo abusivo entre mulheres, indicando uma tendência que pode gerar problemas maiores no futuro.

Segundo o levantamento, os custos diretos ao Sistema Único de Saúde (SUS) somam R$ 1,1 bilhão, destinados principalmente a hospitalizações e atendimentos ambulatoriais. Já os custos indiretos representam R$ 17,7 bilhões e incluem a perda de produtividade, aposentadorias precoces, mortalidade prematura, perda de dias de trabalho por internação hospitalar e licença médica previdenciárias. Só o custo previdenciário atingiu R$ 47,2 milhões em 2019. Do total, R$ 37 milhões (78%) foram gastos com homens, já o custo com mulheres representa R$ 10,2 milhões (22%).

Para Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies, empresa que encomendou a pesquisa, o consumo de álcool não só tem impactos na saúde e bem-estar da população como também custa caro para os cofres públicos.

“Nesse cenário, fica clara a necessidade de adoção de medidas como o imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas. Essa é uma das ações recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para reduzir o consumo de álcool e, consequentemente, seu impacto negativo. Com a redução do consumo, podemos salvar vidas e reduzir os impactos sociais do álcool, poupando bilhões de reais todos os anos”, afirma.

O custo do SUS com internações de mulheres por problemas ligados ao consumo de álcool representa 20% do total, ou seja, bem menor que o custo com homens. Isso acontece porque o consumo de álcool é menos comum entre as mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), cerca de 31% das mulheres entrevistadas haviam consumido álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa, enquanto, entre os homens, esse número foi de 63%.

Por outro lado, nos custos com atendimentos ambulatoriais relacionados ao álcool, a diferença entre homens e mulheres é menor, com 51,6% dos custos atribuídos ao público masculino.


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MPF vê omissão do governo Lula no combate à Covid e abre apuração preliminar

O MPF (Ministério Público Federal) abriu apuração preliminar após levantar indícios de omissão do governo Lula (PT) no combate à Covid.

A Procuradoria da República no Distrito Federal avalia que o Ministério da Saúde falhou na busca por vacinas atualizadas, deixou vencer milhões de imunizantes e realizou um número “inexpressivo” de testes de diagnóstico.

Ao decidir abrir um procedimento específico sobre as ações recentes da Saúde, o órgão ainda apontou que o governo petista repete as omissões da gestão de Jair Bolsonaro (PL).

“As omissões da União com relação à prevenção, controle e tratamento da Covid-19 e seus agravamentos persistiram ao longo dos anos seguintes, mesmo com a troca de governo em 2023”, afirma trecho do documento do MPF, assinado no fim de setembro.

As ações recentes contra a Covid foram avaliadas em inquérito civil que originalmente mirava a gestão Bolsonaro. O MPF, então, distribuiu internamente uma notícia de fato —apuração preliminar que pode, mais tarde, resultar em novo inquérito— para avaliar a estratégia adotada pela equipe de Nísia Trindade contra o vírus.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que a postura da atual gestão “é incomparável à anterior, a começar pela defesa da ciência e da vacinação”. A pasta também diz que reforçou ações para reduzir casos e óbitos com base nas orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O procedimento do MPF vai apurar possíveis “omissões”, “insuficiências” e “ineficiências” da pasta na adoção de medidas para o combate à Covid e prevenção de seus agravos.

“Dentre as quais a aquisição e distribuição de vacinas atualizadas, política de testagem, medidas de mitigação, comunicação à população e profissionais de saúde, tratamento e prevenção da Covid Longa, combate à hesitação vacinal etc”, afirma documento da Procuradoria.

A apuração preliminar também foi aberta com o objetivo de evitar novas perdas de doses das vacinas, “bem como de robustecer os controles a fim de que não ocorram futuras perdas de imunizante”.

A atuação negacionista e o desdém de Bolsonaro na pandemia foram temas da campanha de Lula em 2022, mas o Ministério da Saúde ainda patina para organizar a imunização da Covid.

A pasta prometeu entregar 70 milhões de doses atualizadas em 2024, mas até agora fechou contrato atrasado por 12,5 milhões de vacinas da Moderna. Desse volume, mais de 4 milhões ficaram travadas no estoque pelo fim da validade —a farmacêutica já iniciou a troca dos lotes por outros ainda válidos.

Diversos estados ficaram sem vacinas da Covid nas últimas semanas, especialmente do modelo que pode ser aplicado em menores de 12 anos. O Rio Grande do Sul, por exemplo, não recebia imunizantes para crianças desde junho.

O Ministério da Saúde já começou a entregar doses a alguns estados. A pasta também afirma que finalizou o registro de preços para compras de até 69 milhões de doses, mas os contratos com as empresas que venceram o pregão ainda não foram assinados.

No ano passado, o governo perdeu ao menos 80% de um lote de 10 milhões de unidades da Coronavac, compradas tardiamente no fim de 2023, o que causou prejuízo superior a R$ 260 milhões.

O contrato da Coronavac e a perda de doses da vacina da Moderna adquiridas em 2024 são citados na decisão do MPF de aprofundar apurações sobre a atual gestão da Saúde.

Diretor do Departamento do PNI (Programa Nacional de Imunizações), o médico Eder Gatti afirma que o “ataque sistemático” dos grupos antivacina à vacinação contra a Covid-19, principalmente para crianças, reduziu a procura pelas doses e desorganizou a imunização no SUS.

“Por que que a demanda [pela Coronavac] foi baixa? Por conta desses grupos antivax. Uma posição que eu defendo: o desperdício tem que ir na conta do antivax. Esse, para mim, é o custo ao Estado brasileiro que esse pensamento negacionista causa”, afirma Gatti.

O MPF, porém, diz que as falhas da Saúde se estendem à testagem, entre outras ações contra a Covid.

“O Ministério da Saúde segue sem publicações atualizadas com dados fidedignos acerca do número de casos, internações e óbitos por Sars-Cov-2 2 ou sobre as variantes atualmente em circulação, em razão da inexpressiva quantidade de testes realizados no país”, diz relatório do órgão.

A área técnica da Procuradoria do DF ainda afirma que a Saúde tem organizado compras de vacinas e testes com base em dados “imprecisos”, que desconsideram as subnotificações da doença e novas variantes.

“Ocorre que o número real de casos e óbitos por Covid-19, especialmente a partir de 2023, é desconhecido, eis que as já escassas políticas de testagem foram completamente abandonadas, sobretudo a partir da metade do ano de 2022”, diz o mesmo relatório.

No documento, o MPF diz que a falta de dados “leva à falsa conclusão de que a transmissibilidade do vírus diminuiu”. “Quando, em verdade, o que decresceu foi somente a quantidade de testes realizada.”

Na nota, a pasta afirma ainda que “mantém diálogo aberto com todos os órgãos de controle”. “O Movimento Nacional pela Vacinação tem sido fundamental para recuperar as coberturas vacinais no país—13 das 16 principais vacinas do calendário infantil em comparação com 2022— e para restaurar a confiança da população nas vacinas.”

A pasta também declara que distribuiu 75 milhões de testes rápidos, além de 715 mil do modelo RT-PCR, considerado o mais eficiente no diagnóstico.

Eder Gatti declara ainda que organizar a imunização da Covid é uma tarefa desafiadora, pois os modelos disponíveis têm diferentes temperaturas de armazenamento, entre outras características. Além disso, os laboratórios públicos brasileiros não produzem mais essas vacinas. O plano da Saúde é regularizar as compras e oferecer de forma contínua as doses, diz ainda o chefe do PNI.

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Ministério da Saúde deixa vacinas vencerem e incinera 10,9 milhões de doses em 2024

O Ministério da Saúde já incinerou, em 2024, 10,9 milhões de vacinas com o prazo de validade expirado. A maior perda se refere a imunizantes da Covid-19, mas há também doses para febre amarela, tétano, gripe e outras doenças.

A quantidade de imunizantes desperdiçados deve ser maior ainda, uma vez que o estoque do Ministério da Saúde armazena outras 12 milhões de doses que já venceram, incluindo 9 milhões da Janssen contra a Covid-19. As vacinas também devem ser incineradas.

Os dados foram obtidos pela coluna via Lei de Acesso à Informação (LAI). A resposta foi enviada em 25 de outubro.

Procurado, o Ministério da Saúde explicou que campanhas de desinformação impactaram a adesão da população aos imunizantes e assegurou que não há falta de vacinas no país.

Entre os imunizantes já incinerados, cerca de 6,4 milhões de doses eram para a Covid-19. A doença já matou mais de 5,1 mil pessoas no Brasil neste ano, de acordo com dados da pasta.

Já a DTP, vacina infantil que previne a difteria, o tétano e a coqueluche, aparece em seguida, com 3,1 milhões de doses incineradas. Depois, consta o imunizante contra febre amarela: foram 663,2 mil doses perdidas.

Como os dados são parciais, os números podem aumentar até o fim de 2024. A Saúde ainda explicou, em ofício, que “não possui gerência sobre a incineração no âmbito estadual”.

Aplicação de vacinas contra a Covid-19 começou depois do planejado
Campanhas de vacinação têm sido um desafio para o ministério. A própria iniciativa contra a Covid-19 é um exemplo: começou depois do planejado, em maio, com imunizantes com prazo curto de validade.

A crise na vacinação, porém, não é nova. Desde 2016, o Brasil registra diminuição nas taxas de cobertura para meningite e HPV, por exemplo. Houve até mesmo falta de estoque de doses no período, o que não existe no momento, de acordo com a pasta.

As taxas de vacinação foram parcialmente revertidas e aumentaram no ano passado. O Brasil saiu da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgadas em julho.

O que diz o Ministério da Saúde sobre vacinas incineradas

Em nota, o Ministério da Saúde explicou que as vacinas da Covid-19 são o principal alvo de campanhas sistemáticas de desinformação, o que gera “desconfiança sobre a eficácia e segurança do imunizante, impactando a adesão da população”.

“Para evitar desperdício e garantir proteção máxima, na compra da vacina contra Covid-19 deste ano, o Ministério da Saúde adotou inovações: entrega parcelada por parte do laboratório contratado conforme a demanda apresentada pela pasta e possibilidade de troca pela versão mais atual aprovada pela Anvisa”, acrescentou a pasta.

O Ministério da Saúde também informou que o Programa Nacional de Imunizações adota “práticas como cláusulas de troca para lotes próximos à validade, contratos plurianuais para gestão eficiente, monitoramento contínuo dos estoques e reuniões mensais com laboratórios para ajuste de cronogramas”.

“Cabe informar ainda que perdas percentuais mínimas são previstas mundialmente na construção de políticas públicas de saúde pela necessidade de reserva técnica”, finalizou.

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Cresce o número de AVCs entre pessoas de 18 a 45 anos


O Acidente Vascular Cerebral (AVC) já causou mais de 50 mil mortes no Brasil até agosto de 2024, conforme dados do Portal da Transparência do Registro Civil. Este número reforça o AVC como uma das principais causas de mortalidade e incapacitação no país, mas o impacto da doença entre jovens também preocupa: 18% dos casos ocorrem em indivíduos de 18 a 45 anos, segundo a Rede Brasil AVC. Esse avanço entre faixas etárias mais jovens acende um alerta para especialistas, que destacam a urgência de cuidados preventivos independente da idade.

Em julho de 2023, aos 36 anos, Cintha Pereira vivenciou o inesperado: um AVC que mudou radicalmente sua rotina e percepção sobre a saúde. A potiguar narra como começou a sentir os primeiros sintomas: uma forte dor de cabeça seguida por ânsia de vômito. “Era como uma crise de enxaqueca, e eu já tinha isso com frequência, mas sempre passava. Dessa vez não passou”, relembra. No dia, Cintha estava relaxando ao lado da família na Praia de Genipabu, quando a companheira percebeu que os sintomas apresentados estavam fora do comum e pediu para que elas fossem para um pronto atendimento.

Resistente, Cintha não aceitou e foi direto para casa, até que as dores se agravaram e a companheira decidiu acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Durante o atendimento, a hipótese inicial era uma crise de ansiedade devido ao consumo de álcool, mas que ela já estava acostumada e nunca havia sentido aquilo. A persistência de sua companheira, que percebeu as limitações de Cintha para responder e se movimentar, foi crucial para que o atendimento fosse redirecionado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Lá, foram mais dificuldades até chegar a avaliação com a médica.

“Minha companheira dizia a médica o que está acontecendo isso, mas ela mandava ter calma e que só me atenderia depois de tomar o soro. Minha companheira insistiu outra vez dizendo que eu estava perdendo os movimentos e a médica já ficou até um pouco alterada. Ela abriu meu olho, pediu para apertar a mão dela e eu não apertei”, explica. Foi nesse momento que a equipe médica percebeu a real gravidade do caso e rapidamente encaminhou Cintha para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, onde ela realizou uma tomografia. Foi constatado que se tratava de um AVC e era necessário uma cirurgia.

Segundo Carlos Correia, neurologista no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN/Ebserh), o aumento de casos de AVC entre jovens ainda está sendo investigado pela ciência, mas pode ser parcialmente explicado pela precocidade no desenvolvimento de doenças que historicamente atingiam idades mais avançadas, como a diabetes. “Há fatores genéticos e também ambientais, incluindo poluição e estresse, que podem impactar diretamente na saúde vascular. Ainda é difícil entender a real causa desse aumento em jovens, podendo haver fatores externos que desconhecemos”, afirma.

De acordo com o Ministério da Saúde, outros fatores são determinantes para a ocorrência de um AVC, como o sobrepeso, obesidade, tabagismo, uso excessivo de álcool, idade avançada, sedentarismo, uso de drogas ilícitas, histórico familiar e ser do sexo masculino.

Eliane Pereira, cardiologista no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN/Ebserh), aponta que o estilo de vida é um fator determinante para o desenvolvimento desses casos. Ela explica que a hipertensão e o colesterol elevado são condições que, sem os devidos cuidados, podem levar a complicações severas como o AVC. “A pressão alta estimula a parede das artérias, podendo acumular placas e dilatar os vasos, o que aumenta o risco de rompimento”, detalha.

Para quem possui histórico familiar de doenças, o cuidado deve ser redobrado, a fim de evitar a continuidade desse cenário. Nesses casos, a médica também destaca a busca por exames regulares desde os 30 anos. “A falta de atividade física, estresse e má alimentação contribuem para o aparecimento precoce de placas nas artérias”, completa.

A conscientização sobre o AVC e a adoção de práticas saudáveis são apontadas como as principais estratégias para prevenir a doença entre jovens. Carlos Correia recomenda que, ao menor sinal de um sintoma suspeito, como dormência em um dos lados do corpo ou dificuldade de falar, o indivíduo procure atendimento imediato. “O reconhecimento precoce é o fator determinante para evitar sequelas graves e garantir qualidade de vida após um AVC”, afirma.

Diante dessa situação, ele reforça que além do paciente se perceber, a equipe médica também deve ter atenção para os sintomas olhando para além da idade e garantindo o tratamento correto. “A gente vê com uma certa frequência pessoas que às vezes se apresentaram com sintomas compatíveis com o AVC, mas o diagnóstico não foi dado por achar que não possível baseado somente na faixa etária”, alerta.

Desde o primeiro sintoma até a cirurgia, Cintha estima que se passaram quase oito horas, tempo este que poderia ter custado a sua vida. “Quando eu bati a tomografia no Walfredo, a médica que chegou para me acompanhar disse que a cada minuto que eu passava lá meu cérebro estava morrendo”, relata. No hospital particular em que ela foi transferida para a cirurgia, Cintha já tinha chegado desacordada.

AVC isquêmico x hemorrágico

O Ministério da Saúde explica que o Acidente Vascular Cerebral é dividido em dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico. O AVC isquêmico corresponde a 85% dos casos e ocorre diante de uma obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa foi a situação de Cintha Pereira.

João Ferreira, neurocirurgião no Huol-UFRN/Ebserh, explica que o procedimento cirúrgico é indicado em casos onde há entupimento de grandes artérias, permitindo a realização de uma trombectomia. Esse procedimento é essencial para desobstruir o fluxo sanguíneo em casos de AVC isquêmico, restaurando a circulação antes que o tecido cerebral sofra danos irreversíveis. “O tempo é essencial para o tratamento do AVC. Quanto mais rápido o paciente chega ao hospital, mais chances temos de evitar sequelas graves”, afirma.

Já o hemorrágico está presente nos demais 15% dos casos, quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. Nessa situação, João Ferreira explica que a cirurgia consiste em aspirar o coágulo e aliviar a pressão intracraniana, evitando que o tecido cerebral saudável seja danificado. “A cirurgia de descompressão pode salvar vidas ao prevenir que o cérebro inchado pressione o tecido normal”, afirma Ferreira.

Consequências do AVC

Após a cirurgia, Cintha passou a lidar com sequelas físicas, como a dormência e peso no braço esquerdo. Ela revela como o tratamento fisioterápico foi essencial para recobrar a mobilidade das mãos e o equilíbrio ao caminhar, no entanto, algumas limitações permanecem. “Não consigo segurar um brinco ou sentir o toque com precisão no lado esquerdo”, explica. Hoje, Cintha adota uma rotina de exercícios e alimentação saudável, além de evitar o consumo de álcool. “O AVC me fez perceber a importância de cuidar do meu corpo todos os dias”, relata.

Para os meses de outubro, novembro e dezembro deste ano, o Hospital Universitário Onofre Lopes conta com um agendamento de 171 pacientes, sendo 36 inseridos na faixa etária entre 10 e 48 anos, ou seja, 21% são considerados jovens. Cintha é uma das pacientes atendidas a cada seis meses no Huol-UFRN/Ebserh para acompanhamento no tratamento e recebe todo o suporte da equipe médica.

Casos como o de Cintha Pereira lembram que o AVC é uma realidade para pessoas de todas as idades. Um estilo de vida saudável e um acompanhamento médico constante, principalmente em pacientes com fatores de risco, são elementos centrais na prevenção da doença. Em tempos em que a pressa e o estresse se tornam comuns, o relato serve como um lembrete: é preciso agir antes que seja tarde.


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