Em menos de um ano, Natal tem 24,6 mil pessoas cadastradas com diabetes na APS
Em 10 meses, Natal registrou cerca de 24.654 pessoas cadastradas com diabetes nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), incluindo casos de diabetes mellitus do tipo 1 e do tipo 2. É o que apontam os dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) referentes ao período de janeiro a outubro deste ano. Nesta quinta-feira (14), Dia Mundial e Nacional do Diabetes, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal vai realizar diversas ações nos serviços de saúde locais com o objetivo de promover a conscientização, a detecção precoce e o controle da doença.
A responsável técnica do Núcleo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) de Natal, Luana Carvalho, esclarece que a proposta de instituir o Dia D é tanto alertar a população sobre os riscos do Diabetes Mellitus quanto trabalhar a prevenção por meio da assistência. De acordo com ela, ainda, a campanha garante aos dispositivos de saúde pública maior controle da doença, já que nesses eventos as pessoas são diagnosticadas precocemente e já podem iniciar o acompanhamento.
O Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada por apresentar níveis elevados de glicose no sangue, causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose e garante energia para o organismo. Entre os tipos mais comuns, existe o Diabetes Tipo 1 (que ocorre quando o organismo não produz insulina) e o Diabetes Tipo 2 (quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida ou não produz insulina suficiente), além da Pré-Diabetes (única etapa que pode ser revertida) e o Diabetes Gestacional, um tipo temporário que se manifesta quando há aumento de glicose no sangue da gestante.
Alguns sintomas que podem indicar o Diabetes Mellitus são sede excessiva, fadiga, perda de peso e visão turva. Quando não há cuidado nem tratamento, pode levar a complicações como cegueira temporária, dificuldade de cicatrização, formigamento nos pés e, a depender do estágio, ao óbito. “O Diabetes quando não tratado pode evoluir para complicações mais sérias, como a amputação de membros, por exemplo, que acometeu, até o momento, 72% das pessoas diagnosticadas com a doença no município, evidenciando a importância de ações de combate”, reforça Luana Carvalho.
Durante esta quinta-feira e no decorrer do mês, os serviços de Natal vão desenvolver ações com a intenção de reforçar a prevenção e o cuidado com a Diabetes Mellitus. A abertura oficial da inciativa acontece na USF Dix-Sept Rosado, a partir das 8h, disponibilizando atualização vacinal, avaliação odontológica, avaliação antropométrica, screening dos pés (ou exame do “pé diabético”) e atividade coletiva com nutricionista para pacientes diabéticos acompanhados pela unidade.
Combate
No Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, especialistas alertam para a crescente incidência da doença e a importância da prevenção, especialmente do tipo 2. Dados da Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) apontam que 10,2% da população brasileira vive com diabetes. Segundo Josivan Lima, médico endocrinologista no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN/Ebserh), com os principais fatores de risco estabelecidos entre obesidade e o sedentarismo, as mudanças nos hábitos diários podem ser a chave para frear o avanço da doença
O endocrinologista destaca que a doença muitas vezes começa de forma silenciosa, e os primeiros sinais podem ser detectados apenas por meio de exames laboratoriais. “O pré-diabetes é mais um diagnóstico laboratorial que clínico. Nesse estágio, a doença já iniciou, mas como está em uma fase inicial, com valores mais baixos de glicemia, geralmente não há sintomas”, explica. Para essa condição, o controle do peso, a realização de exercícios regulares e uma alimentação equilibrada são indicados para normalizar a glicemia e evitar a progressão para o diabetes.
“Obesidade e sedentarismo são os mais frequentes fatores de risco que predispõem ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Realizar atividades físicas regulares, pelo menos 150 minutos por semana de atividade moderada, divididos em três a cinco dias, e manter um peso adequado para a altura, evitando alimentos ricos em gorduras saturadas e açúcares simples, são as sugestões para a prevenção do DM2”, orienta o médico. Ele ressalta que essa abordagem, amplamente estudada no Programa de Prevenção do Diabetes (DPP), reduziu em 58% o risco de evolução para o diabetes tipo 2.
Nos últimos anos, o tratamento para o diabetes evoluiu, trazendo benefícios além do controle glicêmico. Segundo Dr. Josivan, novas medicações surgiram com efeitos que vão além da glicemia, proporcionando a perda de peso e a redução de complicações cardiovasculares graves. “Essas medicações ajudam na perda de peso, reduzem a chance de diálise, diminuem internações por insuficiência cardíaca e reduzem infarto, AVC e morte de causa cardiovascular. Foram lançadas também novas insulinas, com tempo de ação maior, mais estáveis e que causam menos hipoglicemias”, destaca.
Além disso, tecnologias como a monitorização contínua da glicose, que mede os níveis glicêmicos ao longo de 24 horas e pode ser acompanhada por meio de aplicativos no celular, têm contribuído significativamente para o controle da doença.
Para quem possui diabetes tipo 1, existem as novas bombas de insulina que, com um sistema inteligente, conseguem “aprender” as rotinas dos pacientes e ajustar as dosagens de insulina de acordo com as necessidades individuais, sendo uma opção importante.