O primeiro semestre de 2024 registrou uma tentativa de fraude a cada 3 segundos no Brasil, totalizando 5,3 milhões de ocorrências, conforme indica o relatório da Serasa Experian. Em junho, houve 860.966 tentativas, um aumento de 4,6% em relação ao mesmo mês de 2023. Dentre as estratégias de proteção utilizadas, destaca-se a validação de dados cadastrais, que respondeu por 60,4% das fraudes evitadas. Outras camadas de proteção incluem validação biométrica e de documentos (33,2%) e detecção de comportamentos suspeitos em dispositivos (6,4%).
De acordo com o Serasa Experian, o Rio Grande do Norte registrou 3.525 tentativas de fraude por milhão de habitantes no primeiro semestre de 2024, superando estados maiores como Maranhão (2.331), Bahia (3.069) e Pernambuco (3.124). Segundo Jorge, essa alta incidência reflete uma maior vulnerabilidade da população. “As quadrilhas vão sempre mirar locais onde há uma propensão maior ao golpe ser bem sucedido. Isso demonstra que o RN tem pessoas mais vulneráveis, ou seja, com uma consciência de segurança mais deficiente e maior propensão a serem vítimas de golpe”, afirma.
Rodrigo Jorge, especialista em segurança digital pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), destaca que o papel das ferramentas avançadas de prevenção é essencial na mitigação desse risco. “São importantes as validações biométricas, porém, cada dia elas têm sido mais burladas a partir do uso de Deepfakes criados por Inteligência Artificial. Os desafios agora estão em criar ferramentas eficazes para detectar o que é real e o que é deepfake”, afirma o especialista.
Dentro do levantamento, o setor de “Bancos e Cartões” concentrou 54% das tentativas de fraudes, enquanto o segmento de “Telefonia” teve a menor incidência (4,7%). Os cidadãos entre 36 e 50 anos foram os mais atingidos em junho, representando 35,5% das tentativas. Em termos regionais, as fraudes são mais frequentes nas regiões Sul e Sudeste, com o Distrito Federal, Mato Grosso e Santa Catarina liderando o índice de tentativas por milhão de habitantes.
Jorge aponta que os dados de toda população estão vazados em muitos locais e são negociados na internet, sendo esta uma das principais ameaças à segurança digital. “O que acontece então é que os fraudadores tentam reproduzir em seus ambientes da fraude cenários parecidos com os reais das vítimas. Porém, nem sempre conseguem e com isso os sistemas de detecção acabam encontrando possíveis divergências”, explica.
Dicas do especialista
Para os consumidores, Rodrigo Jorge recomenda o uso de serviços de monitoramento de CPF e a configuração do sistema de pontuação de crédito da Serasa para restringir o uso não autorizado. Ele ressalta ainda a necessidade de cuidado ao realizar transações online e a prática de segurança no uso de aplicativos bancários e redes sociais.
“Promoções, cadastros online, transferências recebidas sem esperar, pedidos via WhatsApp e promoções via redes sociais estão sendo cada vez mais utilizadas pelos bandidos para, no mínimo, roubar dados das pessoas para utilizar em golpes futuros. É preciso desconfiar de 110%, ou seja, de tudo e mais um pouco. A Internet é um lugar hostil e muito perigoso! É preciso saber usar, ter muito cuidado”, alerta.
Entre as outras medidas indicadas pelo especialista em segurança digital estão: utilização de ferramentas de prevenção de fraudes, como validadores de biometria; travas nos sistemas a partir de localização e autenticação mais forte; e detecção de uso fora do padrão.